terça-feira, 4 de setembro de 2012

Você Tem Algo a Dizer?

Depoimento Pessoal para a construção do espetáculo A Lição de Eugene Ionesco. Grupo Elas
assista o video no youtube: http://youtu.be/KtyAYHnp0hE

Conheci a técnica de Depoimento Pessoal através das oficinas de teatro ministradas por Fernando Yamamoto no Centro Experimental de Teatro (hoje Fechado por incompetência da Fundação José Augusto) Essa técnica surgiu para Fernando nos processos de criação do Teatro da Vertigem, grupo paulista que surgiu em 1992 e usa das memórias, desejos, e repertórios dos atores para extrair suas cenas. Na oficina (Fernando) o ator tinha que criar e ter propriedade de todos os elementos cênicos, dramaturgia, luz, som, figurino e principalmente um “discurso” esse trabalho me mostrou uma conexão do “ator solitário” (com suas memórias e desejos presos) com o mundo externo, o tornando um “ator criador”. Em 2007 tive oportunidade de conhecer um pouco mais sobre essa “matéria” de autoria do ator na oficina “O Ator Criador” ministrada pelo prof. Dr. Marcos Bulões, onde a técnica foi usada associada com a linguagem da Performance Art mais na criação de personagens do que na Dramaturgia ou na criação de cenas. Os depoimentos aconteciam em circulo e eram colocados a improvisação, você tinha a sensação de criar e em seguida viver uma situação angustiante diante outras criações. Descobrimos a “ilha de desordem”.

Infelizmente ainda não tive a oportunidade de conhecer a técnica dentro do Teatro da Vertigem. Com certeza esses caminhos para mim, a Vertigem, e até os que antecederam a técnica são cheios de bifurcações e contradições, mas, desde que descobri que poderia colocar meus desejos em cena durante a construção de um processo comecei a ver a arte do teatro de outra forma, mergulhei na Performance!, Até então tinha uma visão mercadológica do ator como uma folha em branco um boneco de argila alguém que você diz vai, vem, alguém fraco para criar, que só ouve, sem partido, religião ou orientação sexual. E entre mentiras e verdades existe muito mito nisso tudo. A idéia de um ser humano sem informações dentro de si é uma mentira e nossa sociedade vive para castrar nossos “depoimentos pessoais”, todos nós temos muito para falar diretores, atores e espectadores. Sempre senti meu corpo ardente.

Nos processos de criação de alguns trabalhos que tive a oportunidade de participar percebi certa dificuldade em usar desse material do ator quanto opção estética. Geralmente uma barreira estética existente na direção. Em http://sonhodesteven.blogspot.com.br/ com o grupo Facetas optamos por trazer esses worshops quase que como foi apresentado a primeira vez.

Em geral essas cenas ficam no processo, na construção de personagem, nos diários de ator... Apesar de alguns wokshops serem melhores que as próprias peças. Ainda deve ter muita aposta e pesquisa nessa técnica pois se tornou um elemento contemporâneo, transgressor e a primeira pancada é na dramaturgia. Quando conheci meus depoimentos pessoais comecei também a trabalhar com Performance e descobri que o discurso dessa técnica estava impregnado no Performer e a necessidade de vomitar nossas idéias em porções nós acompanha desde o inicio do século. Par mim a Performance, o Depoimento Pessoal e a Manipulação dos Elementos Cenicos são “disciplinas básicas” na construção coletiva e nos processos que usam o Ator Criador.

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