terça-feira, 17 de maio de 2011

CARTA DE ATIBAIA DO CNC

A direção do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros – reunida de 09 a 11 de maio de 2011, durante o 6º FAIA - Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual, vem reafirmar o seu posicionamento relativo aos seguintes pontos: - A continuidade das políticas culturais, das conquistas e dos espaços institucionais de participação alcançados pelo CNC;
- A manutenção, ampliação e garantia dos recursos necessários a continuidade do Programa Cine Mais Cultura, conforme anunciado pela Secretária do Audiovisual, Ana Paula Santana, e confirmado pela Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, na última reunião do Comitê Consultivo da SAV, realizada em Brasília nos dias 14 e 15 de março de 2011;
- A inclusão do cineclubismo no sistema educacional brasileiro, através da implantação de cineclubes nas escolas, com base nos conteúdos e métodos que vem sendo desenvolvidos no movimento cineclubista a exemplo do projeto “Cineclubismo, Cinema e Educação”;
- A reavaliação do Programa Cinema Perto de Você, desenvolvido pela Ancine, e implantação imediata de salas populares de cinema, em todos os municípios brasileiros, utilizando o modelo POP Cine, que garante a ampliação da cota de tela para a exibição da produção audiovisual nacional;
- O apoio a proposta de reforma que atualiza a Lei do Direito Autoral, em vigor, especialmente, nos itens que se referem à democratização do acesso do público aos bens culturais e ao fortalecimento dos direitos do público;
- A garantia efetiva de destinação de recursos e do seu não contingenciamento à cultura conforme disposto na PEC 150, atualmente em tramitação no Congresso Nacional;
- O apoio à aprovação do PLS 116, atualmente em tramitação no Senado Federal, conforme o texto já aprovado pela Câmara de Deputados;
- O apoio a imediata aprovação do projeto que institui o vale cultura, solicitando-se a inclusão de dispositivo que garanta sua utilização apenas para o acesso aos bens culturais originários de países signatários da Convenção pela Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (Convenção da UNESCO) ;
- A solicitacão da imediata exclusão da proposta da LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias - de 2012, encaminhada pelo governo para apreciação e aprovação pelo Congresso Nacional, do item que a exemplo do artigo 20, inciso XIII, da Lei de Diretrizes Orçamentárias, atualmente em vigor, criminaliza o conjunto das entidades culturais brasileiras e impede o repasse de recursos públicos pelos Ministérios da Cultura e do Turismo para realização de “eventos”;
- O apoio as imediatas implantações do Plano Nacional de Cultura, da construção dos Planos Setoriais, em especial o Plano Setorial do Audiovisual e do Plano Nacional de Banda Larga;
- O apoio a imediata votação e aprovação do projeto de Lei de Reforma da Lei Rouanet (Procultura);
- A solicitação da imediata criação de um grupo de trabalho, composto por representantes do executivo e legislativo federais e entidades da cultura da sociedade civil, objetivando a formulação de propostas de mudanças na atual legislação, normas e atuais trâmites burocráticos, norteadores da apresentação de projetos , tramitação e prestação de contas.
Destacamos ainda a relevância da instituição do "Dia do Público”, proposto pelo cineclubista Felipe Macedo e criado durante as reuniões do CNC, neste festival, a ser celebrado a cada ano, em 10 de maio. Nesta data, no ano de 1849, em Nova Iorque, ocorreu a Revolta do Astor Place, onde o público se manifestou de maneira ruidosa mas pacífica pelo acesso aos bens culturais, as autoridades e as forças policiais praticaram uma repressão sangrenta, com mais de 20 mortos e uma centena de feridos.
Para finalizar destacamos a relevância histórica da eleição do cineclubista João Baptista Pimentel Neto para presidente do CBC – Congresso Brasileiro de Cinema.
Agradecemos a Prefeitura da Estância de Atibaia, Difusão Cultural de Atibaia, Difusão Cineclube, Secretaria do Audiovisual e Ministério da Cultura por, mais uma vez apoiarem a realização da reunião da diretoria do CNC – Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros.



terça-feira, 10 de maio de 2011

Retomando a oficina Rebuliço, Grupo Facetas

No dia 27 de abril retomei a oficina do grupo Facetas que acontece nas quartas e sextas de 9hs ás 11hs, além de alunos de 2009 e 2010, abri algumas vagas para pessoas que já tinham tido alguma experiência com teatro. No ano passado tivemos como conclusão a peça “Brincantes do Boi” e a partir do mês de junho voltaremos a apresentar. A metodologia da oficina é guiada por um texto e, a partir dessa dramaturgia e da construção dos seus elementos cênicos, o grupo desenvolve individual ou coletivamente um crescimento técnico em relação às artes cênicas. O encontro de uma dramaturgia pessoal com o texto, do teatro convencional com as vanguardas e o teatro contemporâneo, o encontro com disciplinas que nossa sociedade não ensina como uma construção ética ou de uma ética, já que esta é mutável. Esse ano o grupo está mais maduro e estamos montando Getsêmani de Mário Bortolotto. O texto é uma crítica violenta à nossa sociedade, e o escolhi depois de uma experiência no ano de 2009 em que a oficina era composta por policiais. Neste ano a montagem não aconteceu e o texto foi pro armário, só saindo agora. Para mim a oficina é um grande aprendizado, por experimentar diversos aspectos da criação coletiva e me ver também como um diretor autocrata, é muito prazeroso e importante, já que dentro do nosso eixo faltam ou simplesmente não existem cursos técnicos para atores e diretores. Viver dentro do ponto de cultura uma experiência de aprendizado mútuo que se reflete na nossa proposta de “direção em grupo”, para nós que surgimos e temos sede dentro de uma comunidade onde não se é oferecido nada de cultura, para nós que surgimos de um projeto pedagógico que nós deu um lugar ao sol, para nós que afirmamos nosso compromisso com a sociedade potencializando e transformando pessoas e lugares afirmando nossa ideologia, para nós que escolhemos ser um grupo de teatro com muitos elencos, padrinhos, filhos, primos e etc. Para nós essas oficinas são essenciais e contínuas.


“Depois de ter afastado assim o ator de seu personagem, Meyerhold o coloca no coração de três espaços-tempos encaixados uns nos outros. O primeiro: a história do teatro (torna-se um pesquisador). O segundo: O presente de sua época, vivido em um espaço geográfico e político no qual o ator deve dar conta diante do público e com ele. Terceiro: a obra que ele interpreta e que não se limita jamais a peça apresentada.”
A arte do teatro, entre tradição e vanguarda. Meyerhold; e A cena contemporânea. Beatrice Picon-Vallin


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Oficinas do grupo Facetas, é ponto de cultura! É Rebuliço!

Clau Zem fazendo o Padre na peça "Brincantes do boi". foto Rodrigo Bico

Relato de Clau Zem, integrante da oficina de teatro do grupo Facetas. Ator do espetáculo Bricantes do Boi dirigido por Enio Cavalcante.

Em dezembro de 2010 tive a honra de ser convidado para compor o elenco da peca “Brincantes do Boi”, que estava sendo produzida pelos alunos do Ponto de cultura rebuliço, como resultado da oficina ministrada por Enio Cavalcante.

Faltando dez dias para a apresentação dos trabalhos na “Mostra Carlão Lima”, um dos atores havia tomado doril, ou seja, sumido... Tendo ido ate a sede do Grupo Facetas no TECESOL, buscar informações sobre as oficinas, uma vez que por motivos de trabalho tive que passar 06 meses afastado, encontrei com Enio, que sem maiores delongas me fez o intempestivo convite:

_ Você já foi aluno da oficina, por isso acredito que conseguira encarnar o personagem, mesmo faltando pouco tempo...

Com muita relutância, aceitei. Meu primeiro impulso era o de devorar o texto, tentar decorá-lo a qualquer custo, afinal a apresentação seria em poucos dias e eu estava muito ansioso. Mas, o jeito FACETAS de fazer teatro me fez entender que, aprender o texto era importante, mas se tornaria um elemento secundário diante do verdadeiro processo de compreensão do universo dos personagens, seus sonhos, crenças, anseios...

Nesses poucos dias que faltavam passamos a nos reunir diariamente, às vezes mais de uma vez por dia. O desafio do grupo, sob a direção de Enio, era o de me fazer despertar para um contexto do qual eu nada sabia, pois não conhecia o auto do boi e nunca havia me interessado por cultura popular. Longos debates foram travados antes, durante e após os ensaios, acerca do contexto histórico, social e cultural dos personagens. Em alguns momentos cheguei a pensar que tais conversas eram perda de tempo e que eu deveria apenas tentar aprender o texto e ensaiar muuuiiito... Contudo, nos próprios ensaios fui me conscientizando de que o simples decorar texto e tentar imitar trejeitos termina por dar um tom de artificialidade a peca e que e primordial que se consiga fazer a ponte entre a própria busca pessoal do ator e a essência interior do personagem. A partir desta compreensão, o trabalho realmente passou a fazer sentido e por incrível que pareça nos conseguimos realizar o impossível!

A peca “Brincantes do boi“ foi um sucesso na Mostra de Arte Carlão Lima, bem como em apresentações na rua ou no pátio de escolas. Mas o trabalho não terminou, ele esta apenas começando. Estamos agora num processo de aprofundamento de pesquisa sobre as raízes históricas do auto do boi de reis. Quanto mais estudamos, mais a ponte se fortalece... Mas vamos deixar esse assunto para um próximo artigo.

Levanta, Boi!!!!!!!!!!!!!


Kiko lopes fazendo Catirina na peça "Brincantes do Boi". Foto Rodrigo Bico

Relato de Kiko Lopes, integrante da oficina do grupo Facetas. Ator e dramaturgista do espetáculo “Brincantes do Boi” dirigido por Enio Cavalcante.


Em todo o processo de experiência, do qual eu tive durante a oficinas de teatro, em relação as improvisações, adaptação, a lidar com o público no espaço, com diferentes espectadores. Tudo isso me deu uma aproximação ativa de como deve se comportar o ator dentro desse processo que é a carreira profissional. Durante nossos ensaios, improvisações, deu-se cada um a sua identificação ao seu personagem, no qual agente tinha discutido, as falas do personagem, estética, a criação da estética em relação da época, que tipo de trajes usavam, etc..

O mais importante de tudo isso, é saber que nada fizemos sozinhos, tivemos eu Kiko e o Enio, um processo de “recriação” da historia do Bumba meu Boi, a relação do homem e o boi, uma historia que se enfatiza em um grupo de brincantes, dentro desse contexto, criamos um texto, demos um nome uma marca registrada “Brincantes do Boi”, tudo aquilo que vem do povo numa cultura popular brasileira.

Depois de todo o processo de aprendizado tivemos a oportunidade de apresentar o nosso trabalho, no próprio ponto de cultura, na Mostra de Arte Carlão Lima, na casa da Ribeira (projeto Cena Aberta), Redinha, e também no lançamento do ponto de Cultura Bandeira Lilás, em Petrópoles, pra mim foi muito gratificante ter realizado um trabalho que teve andamento, um bom resultado, para continuarmos passando alegria e conhecimento do que é cultura.

“O futuro pertence a todos que acreditam na beleza de seus sonhos, sonhar mais um sonho, faz parte do processo humano, a conquista só é conquistada, quando corremos atrás e conseguimos aquilo que agente quer.”